Lá pelo meio do show “Raízes” — lançado essa semana em DVD e CD —, antes de cantar “Te amo cada vez mais”, Daniel, emocionado, dá ao público uma nova interpretação para a letra da música, que fala da separação de um casal. Para ele, não é só mais uma canção de amor, mas o retrato da despedida de seu grande parceiro, João Paulo, morto num acidente de carro em 1997.
— Esse era o nosso maior sucesso na época, e ficou marcado de maneira muito especial. O trecho “Eu não quero ver você partir/ E aquela porta se fechar” é bem o que senti. A última imagem que tenho do João Paulo é ele no saguão do hotel de São Caetano, depois do show, despedindo-se para voltar para Brotas, e a porta do elevador se fechando para eu subir para o quarto — conta Daniel.
Emoção a mais
Depois da explicação, os versos “Não vá/ Como vou viver assim?/ Distante de você o que vai ser de mim?/ Não posso te perder/ Jamais vou te esquecer/ Diz que é sonho/ Me acorde, por favor” realmente ganham nova carga de emoção para quem ouve.
— João Paulo ainda é muito presente no meu dia a dia. Frequentemente eu sonho com o nosso reencontro em shows, que foi só um tempo que demos a nossa dupla e tudo voltou ao normal — conta Daniel, que embora tenha feito ainda mais sucesso em carreira solo, diz que preferiria ser parte de uma dupla: — Depois dessa fatalidade, muita gente que não conhecia nosso trabalho se sensibilizou e começou a me acompanhar, é claro. Mas a dupla vinha num crescente sucesso desde 93. Se a gente tivesse que se separar algum dia, que fosse aqui no nosso plano. Recomeçar foi muito duro para mim.
Num registro que passa a limpo sua trajetória artística de quase três décadas, outros grandes sucessos da então dupla não poderiam ficar de fora, como “Estou apaixonado” e “Minha estrela perdida”.
Cheio de ginga
Mas, se a saudade machuca em certos momentos, em muitos outros a alegria rola solta. O cantor abandona a timidez costumeira e leva “Fricote”, “Dengo” — e aqui insere trechos de “Você não vale nada”, do Calcinha Preta, e “Chora, me liga!”, de João Bosco & Vinicius — e o pot-pourri “Eu me amarrei/ Peão apaixonado” com energia e um remelexo surpreendentes ao lado de seus bailarinos.
— Não tenho jeito para a dança. Até que tenho um certo ritmo, mas faço do meu jeito, meio desengonçado — diz, modesto.
O DVD começa e termina com Daniel tocando berrante e entoando o clássico sertanejo “Disparada”.
— Vou me adaptando às modernidades, mas serei peão para sempre, incondicionalmente. Essa é minha origem, minha raiz — enfatiza.
Ser ator No palco, Daniel se utiliza de sua porção ator na interpretação de algumas canções. Mas também fora dele, confessa, atuar é uma paixão: “Fui muito feliz fazendo a novela ‘Paraíso’ e o filme ‘O menino da porteira’. Não tenho maiores pretensões, mas, se surgirem novos convites, a gente pode conversar”.
Participações
“Raízes” conta com as participações especiais de Padre Fábio de Melo, em “Só o amor”, e Zé Camillo, pai de Daniel, que faz a segunda voz no pot-pourri “Poeira da estrada/ Dia de visita/ Fazenda São Francisco”. “Meu pai é o grande motivo de eu estar aqui e ser quem sou”, emociona-se Daniel.
Desafios Recém-casado com Aline de Pádua e pai de Lara, de 6 meses, Daniel diz que sua vida sofreu muitas transformações nos últimos meses: “Troquei de gravadora e de empresário e me tornei um pai de família. É tudo muito precoce, mas eu adoro os desafios a que a vida me propõe”, afirma.
Pai coruja
Daniel conta que é pai presente e não foge na hora de trocar fraldas e dar banho. “Faço tudo. Daqui para sempre é dedicação total”, diz. O cantor também procura não expor a pequenina: “Se um dia ela for fotografada, que aconteça naturalmente. O artista sou eu, Lara ainda não entende nada”.
Fonte: Extra Online
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