Igrejas seguem tendência mundial: megaeventos reúnem multidões para louvar a Deus
FLÁVIA HENRIQUES E DAISY OLIVEIRA
O mundo vive plenamente o século 21, a tecnologia e a informação, juntas, ditam o ritmo do desenvolvimento mundial. Saber aproveitar os recursos disponíveis já não é um diferencial: é necessidade. Assim tem sido, também, para as Igrejas no Brasil e no mundo. Obrigados a acompanhar a realidade de suas “ovelhas”, e a não ficar condenados ao declínio da cristandade, padres e pastores contam que, hoje, o importante é o espírito de confraternização e poder louvar a Deus em todos os momentos.
Com o crescimento do movimento Gospel, em 1989, nos Estados Unidos, e o Carismático, no Brasil, na década de 1970, igrejas que acompanhavam a queda do número de fiéis em seus templos souberam aproveitar a oportunidade. Criaram novos formatos para os louvores e, numa revolução teológica, puderam entrar de vez na Era da Modernidade.
Assim, surgiram os megaeventos de louvores que, a cada ano, reúnem grandes multidões e aumentam a fé daqueles que, antes, se encontravam distanciados da religião. Quem reforça essa idéia é o pastor Flávio Nascimento, da Igreja Batista Central, em Itabira, que reúne cerca de 2.300 membros. Segundo ele, as igrejas sofreram com os conceitos trazidos pelos pensadores Aristóteles e Platão, que teriam dividido o mundo em dois níveis, ao afirmar que tudo que estava ligado ao religioso não seria sagrado, mas sim, secular, sem ligação com Deus. “Com base nesse pensamento, muitas igrejas ficaram reclusas. Passou-se a condenar coisas, como televisão, política e a maneira de lidar com o dinheiro. No conceito bíblico, não há divisão entre o religioso e o secular: tudo para Deus é sagrado”, considera.
Para não perder o “rebanho”, surgiu, então, a necessidade de mudança. A adequação à realidade foi importante na nova conduta das igrejas. Segundo o pastor Flávio, apesar da modernização, o conceito de louvor não muda. Ele explica que, nos eventos de grande porte, somente a infraestrutura sofre alteração, pois é planejada para um público maior. “Na íntegra, o louvor é o mesmo, porque vem do coração, da motivação e do desejo de adorar a Deus. A maneira como lidamos com a família, com o dinheiro, nas nossas relações interpessoais são formas de louvor”, ressalta.
De acordo com o padre Francisco Neto Guerra, vigário-geral da Diocese Itabira/Coronel Fabriciano, cristãos católicos e evangélicos sempre proporcionaram momentos de louvores. Para ele, a Igreja Católica, em momentos festivos ou em datas especiais do ano litúrgico, vivencia ainda mais os louvores fora do templo. Padre Francisco Guerra ratifica o pensamento de que somente o espaço físico é modificado. “A importância do louvor está na intensidade do amor que o fiel coloca no coração para bendizer o nome santo de Deus e suas maravilhas na história da humanidade, e não no espaço onde é realizado”, pondera.
Glorificar
Mesmo concordando que os louvores têm a mesma intensidade, independentemente da grandiosidade dos eventos realizados pelas igrejas, fiéis afirmam gostar da nova tendência. É o caso da funcionária pública de Itabira, Cláudia Moura, 39 anos, membro da Igreja Batista Central, que sempre participa dos shows cristãos. “Eles têm como objetivo exaltar e glorificar o nome do Senhor Jesus. Os eventos fora do templo atraem não só mais membros, mas pessoas que são simpáticas a músicas evangélicas e estão sedentas pelas coisas de Deus”, diz.
Cláudia acrescenta que, para ela, não faz diferença alguma louvar dentro ou fora do templo. “A palavra de Deus diz: ‘Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali eu estarei’. A busca pelas coisas de Deus independe do lugar, mas quando o alvo é alcançar as pessoas, é uma excelente estratégia. Para mim, o importante é estar na presença do Senhor”, explica.
A dona de casa itabirana, Carmelita Soares, 42 anos, frequentadora da Igreja Católica, também segue a tendência. “Acho que é um momento em que a gente vê a presença de Deus para crescer mais na fé, reunir mais pessoas que estão afastadas da igreja. Os eventos têm atraído mais pessoas para a igreja, tanto os jovens quanto os que estão afastados, desacreditados”, relata. Carmelita aponta a vantagem das celebrações em horários diferenciados. “Talvez as pessoas não têm como ir à igreja por causa do horário: antigamente, a missa era às seis da manhã ou às sete da noite. Mas hoje há mais abertura, mais horários, fica bem melhor. Com a missa campal, em horários diferentes, o povo aproveita mais. Une a comunidade e a paróquia”, opina.
Eventos das igrejas evangélicas
Dentre os eventos realizados pelas igrejas evangélicas, o maior e o mais conhecido é a Marcha para Jesus, que ocorre anualmente em milhares de cidades de todo o mundo. Trata-se de um evento interdenominacional (ou seja, realizado conjuntamente por diversas denominações evangélicas) que reúne milhares de fiéis em ruas e avenidas, por onde caminham juntos. Há participação de bandas e cantores cristãos que, em alguns casos, se apresentam em trios elétricos.
Eventos das igrejas evangélicas
Dentre os eventos realizados pelas igrejas evangélicas, o maior e o mais conhecido é a Marcha para Jesus, que ocorre anualmente em milhares de cidades de todo o mundo. Trata-se de um evento interdenominacional (ou seja, realizado conjuntamente por diversas denominações evangélicas) que reúne milhares de fiéis em ruas e avenidas, por onde caminham juntos. Há participação de bandas e cantores cristãos que, em alguns casos, se apresentam em trios elétricos.
Com forte expressão local, outros eventos despertam o interesse de cristãos evangélicos, como a Umadeita (União da Mocidade da Assembleia de Deus de Itabira) e o Eu Quero é Deus, realizado em Nova Era.
A Igreja Batista Central comemora seu aniversário todos os anos com programação que dura o mês de maio e geralmenre é encerrada com a participação de uma banda evangélica de renome. Eventos esporádicos também são promovidos e apoiados pela Igreja, entre eles, um retiro espiritual durante o período de Carnaval.
Jeito novo de evangelizar
Jeito novo de evangelizar
Além dos megashows, a Igreja Católica viu surgir, nos últimos anos, outro movimento em sua estrutura. Os intitulados “padres cantores” trouxeram para o meio religioso uma nova proposta de evangelização que, instantaneamente, agradou os fiéis.
Na concepção do padre Carlos Jorge Teixeira, vigário da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em João Monlevade, e vigário episcopal da Região Pastoral II, da Diocese Itabira/Coronel Fabriciano, tudo isso é resultado de uma sociedade que evolui ao lado de pessoas acessíveis às mudanças de sua época e que criam um novo perfil religioso. “Saímos de uma Igreja mais voltada para as questões internas (e fomos) para a valorização das externas, relacionadas com temas sociais e promoção humana”, descreve.
Para o padre Carlos Jorge Teixeira, o número de “padres cantores” tem crescido nos últimos tempos, e oferece, para os fiéis, um novo jeito de se evangelizar. Ele conta que o padre Zezinho talvez tenha sido o grande precursor do movimento. Ele cita outros, como padre Fábio de Melo, padre Antônio Maria e frei Zeca que, além de cantar, compõem suas músicas.
Um pouco de senso crítico para aqueles que apostam nesse caminho é necessário. Pelo menos no entendimento do vigário Jorge Teixeira, que sugere análise da qualidade das músicas, preocupação com as melodias e, principalmente, com as letras. “É um excelente meio de evangelização. Contudo, os ‘padres cantores’ devem lembrar que antes de tudo, são presbíteros. Ser padre é o mais importante”, assegura.
Na verdade, sua intenção é alertar os religiosos. “Eles devem tomar cuidado para não serem vistos como uma espécie de showmen ou padres de mídia... Mas o belo mesmo é constatar que, dentro da Igreja, no exercício do sacerdócio, existe diversidade de dons, como o da música, e que deve ser valorizada e incentivada para o trabalho pastoral e evangelizador”, conclui.
Não importa a forma como igrejas e seus líderes promoverão, nas próximas décadas, a interação e o crescimento da fé entre seus fiéis. O interessante nessa leitura sobre a perspectiva religiosa é que, vencendo todos os desafios “mundanos” e desprovida de qualquer pré-conceito, a cristandade seguirá, com sua missão evangelizadora.
Eventos da Igreja Católica
Fonte: Defato Online
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