Veneração, clamores por milagres, pagamentos de promessas por bênçãos alcançadas ou, simplesmente, um motivo para festejar. Essa é a diversidade de sentimentos dos devotos da padroeira de Coruripe, Nossa Senhora da Conceição. A busca do mastro é neste domingo, 21, às 6h. Um ritual com mais de duzentos anos de tradição.
A tradição inicia os festejos, todos os anos, no final novembro, uma semana antes da realização do novenário em homenagem à Imaculada Conceição. Nesse dia, o município volta todas as suas atenções para a realização da grande expedição.
No início do dia, a multidão se dá as mãos, em oração e cânticos, no pátio frontal da igreja matriz. Em seguida, uma grande carreata composta por centenas de carros, caminhões, ônibus e motos, segue rumo às florestas de mata atlântica da região, para encontrar a mais alta árvore, cujo tronco, depois de extraído e desgalhado, é conduzido nos ombros dos devotos.
Com o corte da árvore, dez mudas da mesma espécie são plantadas no local, como retribuição ao auxílio da natureza e para minimizar o impacto ambiental.
A chegada
OS fiéis retiram o tronco do caminhão e, em procissão animada com cânticos de louvor, conduzem o mastro nos ombros até o pátio da igreja, onde é fincado e erguido.
Parte dos fiéis aproveita a procissão para pagar promessas por graças alcançadas. Há os que acompanham o cortejo de pés descalços, pisando sobre o solo escaldante do sol do meio-dia. Outros levam o pesado tronco sobre os ombros, todos a agradecer e pedir por novas bênçãos.
“Ainda criancinha, eu já ia com minha mãe à procissão. Ela costumava acompanhar descalça. Aprendi com ela e ensinei aos meus filhos e netos a retribuir as bênçãos com muita fé à nossa mãe do céu”, disse dona Maria Marta Tavares, de 68 anos.
Antes de o mastro ser içado, entra em cena um antigo costume da festa: enquanto os homens descascam o tronco, as mulheres colhem as cascas da árvore, pedaços que, segundo a crendice popular, são utilizados para fazer chás que curam males físicos e são usados como ingrediente principal de simpatias para encontrar a pessoa amada.
“É muito importante mantermos viva essa tradição. Coruripe é terra de mitos e lendas, rica em religiosidade e cultura. É um evento muito bonito que todos participam”, destacou o prefeito Marx Beltrão.
Terminada a limpeza do tronco, o mesmo está pronto para se tornar mastro e então é içado e nele hasteada a bandeira com a imagem da Nossa Senhora da Conceição, onde permanecerá até o final do período festivo, anunciando que a comunidade está a comemorar o novenário em homenagem à padroeira.
Como tudo começou
Segundo os pesquisadores João Ribeiro de Lemos, autor do livro “Coruripe, sua história e sua gente”, e Márcio Barreto, teólogo e autor de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) sobre a festa, o ritual da busca do mastro de Nossa Senhora da Conceição teria sido iniciado no século XVIII, quando colonizadores portugueses aportaram às margens do Rio Coruripe e encontraram uma pequena imagem da santa.
“Com a formação de uma pequena vila, a devoção a Nossa Senhora da Conceição foi crescendo junto com o desenvolvimento do local, e a tradição da busca do mastro, e da festa, nasceu”, disse Márcio Barreto, acrescentando que a tradição é mais antiga que o próprio município, que só ganhou foro de cidade em 16 de maio de 1892. “De lá para cá, todos os anos, trabalhamos para que a cerimônia seja realizada, venerando a nossa santa padroeira e mantendo vivo o costume lançado por nossos antepassados”.
A abertura da festa da padroeira Imaculada Conceição, será no dia 29 de novembro, com show católico do Padre Fábio de Melo, com participação do padre Elson de Teotônio Vilela, entrada gratuita, às 20h30, no Clube do Povo. Informações (82) 3273.1341.
por Ascom/Coruripe
Fonte: Aqui Acontece
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